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Meu cachorro não gosta de visitas, e agora?

 – Menina, o Fido não deixa mais ninguém entrar lá em casa, não sei o que fazer!”

Essa era uma frase comum de ouvir na minha época de consultora comportamental.

Mas por que um cachorro “resolve” não querer mais visitas em casa, e o que fazer para que o pequeno delinquente aceite receber seus amigos e funcionários de forma pacífica?

É importante entender que esse comportamento, como todos que envolvem agressão, pode vir de 2 lugares: dominância ou medo.

Se no geral o seu peludo é do tipo seguro de si, que marca muito território nos passeios, gosta de arrumar confusão com outros cães e até já tentou “botar limites” em você ou em mais alguém da casa, essa agressividade em relação às visitas deve ser por questão de dominância territorial. Ele simplesmente não gosta de estranhos em seu território e não confia no teu julgamento em relação a quem deveria ou não entrar em casa. Ele acha que tem o dever de proteger esse território e seus ocupantes.

Já se seu cachorro é normalmente mais inseguro, tem alguns medos e manias, e late muito e para qualquer coisa, essa agressão é basicamente por insegurança. Eu digo basicamente porque não é só isso … tem também a questão territorial, mas ela é subordinada ao medo.

Alguns sinais podem mostrar essa diferença

O cão dominante normalmente encarará a visita de frente, olhará fixo, sem latir, terá o rabo alto e normalmente deixará sua intenção muito clara. Ele poderá vir “ver qual é”, cheirar, rodear e só depois resolver morder. Muitas vezes buscará contato visual com a visita. Eu tive um encontro desse com um São Bernardo uma vez … Cheguei na casa, a dona abriu a porta e quando estávamos no meio do jardim ele veio. Andando devagar, mas decidido, de rabo alto, me rodeou, tentou contato visual (que eu evitei me virando de lado) e foi ficou me cercando. Perguntei se ele sempre fazia isso e a resposta foi: “sim, e aí, de repente, do nada, ele avança e morde! “ . Foi o tempo de eu disfarçadamente subir na mesa do jardim e dizer para ela segurá-lo e botar uma guia. Era um cão jovem (graças a Deus), começando a testar seu poder e sendo mal direcionado. Vivia no jardim, não tinha treinamento nenhum, nem nenhuma função construtiva, os responsáveis achavam que a raça era “grande e boba” e estavam pasmos com os “acidentes”. Treinamento, exercícios e muita disciplina colocaram o grandão no rumo certo.

Cães assim existem em todas as raças, tamanhos e cores, não é uma característica exclusiva dos cães grandes, ou de trabalho, apesar de ser mais comum neles. Mas já conheci Cockers, Lhasas, Sharpeis e até um Shih-tzu extremamente dominantes e agressivos.

Mas o mais comum na vida urbana das grandes cidades e pequenos espaços, são os inseguros. Cães com genética não selecionada, que moram em apartamento, têm uma rotina previsível, são expostos a poucos estímulos quando filhotes e mesmo depois, e com isso têm sua insegurança exacerbada. Sim, a insegurança não é criada, eles não “se tornam” inseguros. Eles já tinham a característica geneticamente, e ela floresceu pela criação. Nesses casos, geralmente a recepção dos intrusos, ops, visitas, é acompanhada por latidos mis, muita agitação física, um vai e vem danado e nos casos mais graves com bater de patas no chão e aquele latido rápido auauauauauaua num fôlego só. Quando chegam a morder, é geralmente no pé/canela quando a pessoa vai andar, e/ou na coxa ou bunda se o incauto virar de costas (e se ele alcançar, rsssss).

Quando o cão é pequeno, a coisa é mais manejável, mas quando o inseguro é grande … pode ser extremamente perigoso, mais até do que o dominante, pois ele não tem equilíbrio emocional, e não sabe medir a agressão para o fim que deseja.

Dito tudo isso, o que fazer?

A primeira coisa é ter em mente que isso tem solução, dá um trabalhinho, mas tem. Se você puder contar com a ajuda de um bom treinador, que avalie o cão a adapte uma rotina para ele, é o ideal. Mas no geral, as ações abaixo podem pelo menos ajudar.

Dois conceitos são muito importantes de serem entendidos:

1. Ele vai ter que aprender que quem manda na casa é você e não ele. Sinto muito, é preciso, por mais preguiça que te dê.

2. Se ele aprender a naturalmente gostar de visitas, tudo fica muito mais fácil.

Então mãos à obra – aqui vão os passos:

* comece o treino com uma visita convidada para isso, que goste de cachorro e esteja disposta a ajudar. Oferecer jantar e um bom vinho costuma ajudar a conseguir adesões 😉.

* coloque o meliante numa guia longa ANTES da visita chegar. Quando ela chegar, receba-a com ele na guia mais para trás de você.

* se começar o escândalo, corrija. Mesmo que seja antes da visita entrar, o que muitas vezes acontece. Não é para ser forte, nem machucar, claro. Mas tem que ser efetivo, com determinação suficiente para que ele saiba que você não aprova essa atitude. Mesmo que você não consiga que ele pare, persista. Não o deixe ficar rolando, indo e vindo, nada disso, ele tem que ficar do seu lado.

* ao mesmo tempo, a visita será munida com o petisco mais amado do mundo pelo cachorro. Nessa hora vale pedaço de queijo, rodelinha de salsicha, pedacinho de fígado. Tem que ser algo que ele nunca ganhe fora dessa situação e ame.

* estará previamente combinado com a visita que ela, sem falar com o cão, jogará um pedacinho do petisco para ele ao menor sinal de silêncio, 1 segundo que seja. Por isso o petisco tem que ser muito especial, porque se for o de sempre, ele não vai querer, e ele tem que querer! Quando ele pegar, você, ou quem estiver com a guia, vai elogiar. Se ele comer, mas voltar a latir em seguida, tem que corrigir de novo, e de novo, e de novo. * e assim vamos. A visita senta na mesa, ou no sofá, vcs conversam, e ela de vez em quando joga um pedacinho do petisco para ele. Geralmente depois so segundo pedaço ele começa a prestar uma certa atenção na visita e volta a latir só quando ela se mexe, rssss. Será corrigido, quando ficar quieto de novo, ganhará outro pedacinho. Ele ficará na guia o tempo todo, para poder ser corrigido quando necessário.

* o que é muito importante aqui é o timming. Isso é muito, MUITO importante. Você tem que ficar muito atento para não dar o petisco quando ele latir ou rosnar, ou estiver com atitude agressiva, tem que ser quando ele relaxar ou mostrar curiosidade quanto à visita, nem que por meio segundo. Porque se você premiar errado … estará premiando a agressão e aí vai ser um desastre.

* mesmo que ele pareça relaxar, mantenha a guia, e mantenha-o perto de você, nada de confiar rápido demais e ele, uma vez solto, se aproveitar e grampear o tornozelo da sua amiga logo quando ela já estava saindo da sua casa (experiência própria, mais uma vez …). Isso estragará todo o trabalho anterior.

* faça a mesma rotina para todas as situações com visitas, entregadores e até funcionários, se ele for do tipo que nem a eles aceita. Claro que nem sempre você poderá ficar treinando, mas nesses casos, mantenha-o na guia perto de você e não solto na casa latindo atrás da pessoa sem consequências.

* você vai perceber quando ele começar a não querer latir tanto, mas sim ficar feliz com a chegada da visita, curioso e interessado no petisco. Não tem problema essa amizade interesseira, ele precisa de 3 a 4 meses para internalizar e solidificar o novo aprendizado e as novas emoções. Então, mantenha a rotina, mesmo que ele já esteja confiável o suficiente para ficar solto. Se ele no meio do caminho passar a gostar de carinho dos estranhos, ótimo, pode ir substituindo os petiscos por carinhos, é o cenário perfeito.

* ao mesmo tempo, é interessante manter uma boa rotina de passeios, para ele exercitar o físico e o mental. Se puder leva-lo a novos lugares, a lugares movimentados, lugares onde ele sinta novos cheiros, veja novos movimentos, se distraia e se canse, será muito bom.

Não tem como eu dar uma ideia de quanto tempo aplicando essa rotina será preciso, pois isso depende de muitos fatores. Temperamento do cão, rotina de treinamos, paciência, não fazer exceções, tudo isso influencia.

Pense que é um processo, que levará seu cachorro a ser mais feliz e mais relaxado. Ele também é uma forma de fortalecer os laços entre você e seu cão, já que ele passará a confiar mais na sua liderança. Não precisa ser difícil, basta ter paciência e treinar, sem pressa, mas sem pausa!


Rio, setembro de 2025
Daniela Prado
Sócia Fundadora Okena PetChef
Especialista em Comportantento LordCão Treinamento de Cães

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